
Rafael Gloria
Dos fragmentos de olhares em segundos
Há aquele olhar do casal apaixonado que sempre se encontra e que se entende pois sabem que se amam, ou que gostariam de ir embora porque está tarde e os cachorros estão sozinhos no apartamento e se demorarem muito podem latir e a vizinha pode reclamar e eles podem ter que pagar multa. Há esse olhar de cumplicidade e de carinho, de afeto necessário e que se julga mútuo de forma constante muitas vezes e é um olhar legal, um olhar que deve ser mantido para as coisas continuarem a darem certo pelo maior tempo possível (até que não deem mais, eventualmente).
Há também um olhar possível do não-mais casal , aquele de compreensão (não de raiva, não de pena, não de rancor), que diz que foi bom o tempo que passaram juntos e que aprenderam muito um com o outro e que estão aqui agora vivendo outras coisas e que se respeitam e torcem um pelo outro e que é bom estar aqui contigo desse jeito e saber que tudo isso valeu a pena. É também um olhar de cumplicidade, de aceitação.
Todos esses olhares em fragmentos de segundos.
É possível ter os dois deles.
E é possível se sentir bem com isso tudo.